|
Vous pouvez
télécharger l'article intégral au format pdf ou rtf
Ivo Carneiro de SOUSA, p. 135-140
Timor des Malai Sira ?
Malai sira « ces étrangers », diront les investigateurs timorais quand ils
liront ces articles avec cette méfiance de ceux qui ont entendu bien des promesses et
participé à des centaines d« avant-projets », accueillant au cours de ces deux
dernières années des milliers d'étrangers partagés entre une ingénue solidarité
fraternelle et le sens d'opportunité à concrétiser des affaires lucratives dans un pays
dune rare beauté où les opportunités et l'emploi font défaut. La
désorganisation administrative est énorme, la confusion sociale intense. Toutefois, les
Timorais savent parfaitement et majoritairement où ils mettent les pieds : ils ont voté
majoritairement en faveur de l'indépendance en août 1999 et votent aujourd'hui, de
façon non équivoque, pour le parti qui représente la libération, le Fretilin.
Il est étonnant de voir que cette économie locale continue à s'alimenter
majoritairement de produits manufacturés indonésiens, qu'elle fonctionne en roupies et
quon parle fréquemment le bahasa du pays voisin. La majorité de la population
parle l'indonésien, ce qui aide à comprendre le besoin de contrebalancer cette «
domination » à travers l'agitation de symboles et des lieux de la mémoire. En revanche,
on peut sétonner de la fragilité de la présence des influences culturelles
portugaises qui perdurent de façon si résiduelle, à limage des 5 % de Timorais
qui déclarent savoir « parler le portugais ». Mais il existe, dans de nombreux secteurs
de la vie politique et sociale de Timor oriental, une évidente mythification du Portugal,
une sorte de lointain sauveur qui aidera et protégera toujours le vieux crocodile
désormais indépendant, mais toujours aussi pauvre.
Timor dos Malai Sira ?
Malai Sira « estrangeiros eles », dirão investigadores timorenses quando lerem
estes artigos com essa desconfiada sabedoria de quem ouviu muitas promessas, participou em
centenas de « anteprojectos », acolhendo nestes últimos dois anos tantos milhares de
forasteiros balançando entre uma ingénua solidariedade fraterna e o sentido de
oportunidade em concretizar um negócio lucrativo num país de rara beleza onde escasseiam
as oportunidades e os empregos. A desorganização administrativa é enorme, a confusão
social intensa. No entanto, os timorenses sabem maioritariamente ao que vão : votaram
esmagadoramente pela independência em Agosto de 1999 e votaram hoje de forma inequívoca
pelo partido que representa a libertação, a Fretilin.
Espanta esta economia local que continua a alimentar-se esmagadoramente de produtos
manufacturados indonésios, funciona em rupias e, muitas vezes, se fala no bahasa do país
vizinho. O indonésio é falado por uma imensa maioria, o que ajude a perceber a
necessidade de contrabalançar esta « dominação » através da agitação de símbolos
e lugares da memória. Em contraste, admira a frágil presença de influências culturais
portuguesas duradouras, tão residuais como os cerca de 5 % de timorenses que declararam
« falar português ». Mas existe, em muitos sectores da vida política e social de Timor
Leste uma evidente mitificação de Portugal, uma espécie de longínquo salvador que irá
sempre ajudar e proteger o velho crocodilo agora independente, mas sempre pobre.
The Timor of the Malai Sira ?
Malai Sira « those foreigners », Timorese investigators will say when they read
these articles with that wariness typical of those who have heard so many promises, taken
part in hundreds of « preliminary projects » and played host over the last two years to
thousands of foreigners torn between naive fraternal solidarity and the sense of the
opportunity to do lucrative business in a country of exceptional beauty where there is a
shortage of employment opportunities. The disorganisation of the administration is
widespread and the social confusion intense. However, the majority of the Timorese know
exactly where they are going : the majority voted for independence in 1999 and they are
today voting for the party that represents the Liberation Front, Fretilin.
It is amazing to see that this local economy is continuing to buy in a majority of
Indonesian manufactured goods, that it continues to operate in rupees and that business is
often carried out in the bahasa of the neighbouring country. The majority of the
population speaks Indonesian, a fact that can help us to understand the need that is felt
to counterbalance this « domination » by waving around symbols and memories. In
contrast, it is worth noting the fragile presence of Portuguese cultural influences that
survive, like the 5 % of Timorese who claim to « know how to speak Portuguese ». But
there is also, in many sectors of the political and social life of East Timor, a visible
tendency to mythicise Portugal, a sort of distant saviour who will always be there to help
and protect the old crocodile who may now be independent, but it still just as poor. |