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Judith MANYA, p. 581-587

La démocratie avortée, à propos d’Yves Léonard, « Le référendum au Portugal, quel avenir ? »
Les deux référendums portugais (dépénalisation de l'avortement à la demande de la femme et régionalisation) de juin et novembre 1998 furent la première pratique référendaire de la République portugaise. On a pu parler d’échec en raison de la forte abstention et de la victoire du « non » dans les deux cas, mais il faut d’abord et surtout s’attacher à l’analyse des contextes particuliers et distincts de chacune de ces consultations.
En ce qui concerne le référendum sur l’avortement, Y. Léonard semble avoir sous-estimé le facteur catholique sur la valeur de l’abstentionnisme et n'avoir pas tenu compte de l'influence, sur le résultat électoral (abstention et victoire du « non »), de l’attitude du Parti socialiste. Celui-ci en proposant de soumettre à référendum une loi… qui avait été précédemment déjà votée au parlement (en février 1998), et en ne s'impliquant pas dans la campagne, a fortement contribué à maintenir le Portugal parmi les rares pays de l'Union européenne (Irlande, Espagne), qui pénalisent l'avortement à la demande de la femme.

A democracia abortada, a propósito do artigo de Yves Léonard, « Le référendum au Portugal, quel avenir ? 
Os dois referendos portugueses (despenalização do aborto a pedido da mulher e regionalização) de Junho e de Novembro de 1998 foram o primeiro exercício de referendo da República portuguesa. Foi possível falar-se de fracasso em razão da forte abstenção e da vitória do « não » nos dois casos, mas é necessário, antes de mais e, sobretudo, procurar fazer a análise dos contextos particulares e distintos de cada uma das consultas.No que diz respeito ao referendo sobre o aborto, Y. Léonard parece subestimar o factor católico em relação ao valor do abstencionismo e não ter tomado em consideração a atitude do Partido socialista em termos de influência sobre o resultado eleitoral. Este ao propôr que se submetesse a um referendo uma lei… que já tinha sido votada antecipadamente no parlamento (em Fevereiro de 1998), e ao não se implicar na campanha, contribuíu em muito para manter Portugal entre os raros países da União europeia (Irlanda, Espanha), que penalizam o aborto a pedido da mulher.

Democracy Aborted, about Yves Léonard, « Le référendum au Portugal, quel avenir ? »
The two Portuguese referendums (decriminalisation of abortion at the request of women and regionalisation) from June to November 1998, were the first in the Portuguese Republic. Although much has been said about the high abstention rates and the victories of the « no » in both cases, we must, first and foremost, seek to analyse the particular and distinct characteristics of each of these votes.
As far as the abortion referendum is concerned, Y. Léonard seems to have underestimated the Catholic factor in the abstention rate and not to have taken account of the influence on the result (abstention and victory of the « no ») of the attitude of the Socialist Party. By proposing to submit a law which had already been voted by Parliament (February 1998) to a referendum and by not getting involved in the campaign, the Socialist Party largely contributed to keeping Portugal among the rare countries of the European Union (along with Ireland, Spain) which criminalise abortion at the request of women.