Vous pouvez télécharger l'article intégral au format pdf ou rtf

Lurdes Marques Silva, p. 359-374

Décolonisation, nationalisme et séparatisme dans le Sud-Est asiatique : les cas de l’Indonésie et de Timor oriental
Ce que les locuteurs de la langue portugaise connaissent actuellement des relations entre l’Indonésie et Timor oriental est presque entièrement marqué par la brutale invasion et l’annexion du territoire timorais par son gigantesque voisin. Sur le plan du droit et de la politique internationale, Timor oriental est devenu une question à résoudre au sein du paradigme d’un conflit politique, social et culturel pour la reconnaissance du droit à l’autodétermination d’un espace territoirial colonisé pendant plus de quatre siècles par le Portugal et qui connaissait, en 1974-1975, un processus de décolonisation.
On peut donc dire que le savoir sur l’Indonésie et Timor oriental a été marqué par des raisons mauvaises et des leçons dramatiques. Et si le droit international a pu éclairer et justifier le combat des Timorais pour leur droits nationaux, en revanche la contribution des sciences sociales pour approfondir la compréhension sérieuse et rigoureuse de ce conflit a été bien maigre. Encore plus maigre a été la recherche sur l’Indonésie elle-même et les raisons qui ont fait de ce pays, anciennement colonisé par la Hollande, un pays également colonisateur d’espaces insulaires. Ce n’est que par le recours à une longue histoire et à une anthropologie spécifique que, pour l’Indonésie comme pour Timor oriental, on pourra discerner les éléments constitutifs de la formation de territoires nationaux.
La recherche sur les caractéristiques du conflit de Timor oriental obligent donc à connaître tant l’Indonésie, son hétérogénéité, sa construction nationale originale, que les mouvments et les populations qui, au sein de ses milliers d’îles, revendiquent l’autonomie et, parfois, un chemin vers l’indépendance.

Descolonização, nacionalismo e separatismo no Sudeste asiático : os casos da Indonésia e Timor Leste
O que os falantes da Língua Portuguesa conhecem actualmente das relações entre a Indonésia e Timor Leste encontra-se quase totalmente marcado pela brutal invasão e anexação do território timorense pelo seu gigantesco vizinho. Nos campos do direito e da política internacional, Timor Leste transformou-se numa questão por resolver e num paradigma de um conflito político, social e cultural pelo reconhecimento do direito à autodeterminação de um espaço territorial colonizado durante mais de quatro séculos por Portugal e que se encontrava, entre 1974 e 1975, a desenvolver um processo de descolonização.
Dir-se-á, assim, que o conhecimento da Indonésia e de Timor Leste se encontra marcado, afinal, por más razões e dramáticas lições. E se o direito internacional ilumina tanto como justifica o combate dos timorenses pelos seus direitos nacionais, já a contribuição das ciências sociais para aumentar a compreensão séria e rigorosa acerca deste conflito tem-se mostrado escassa. Menor também é a investigação da própria Indonésia e das razões que concorreram para transformar essa antiga colónia holandesa em país também colonizador de espaços insulares que, à semelhança de Timor Leste, não deixam de encontrar numa longa história e antropologia próprias elementos de possível construção de territórios nacionais.
O reconhecimento e a investigação das características do conflito de Timor Leste obrigam também a reconhecer a Indonésia, a sua multiplicidade, a sua própria construção nacional, tanto como os movimentos e populações que, no interior das suas milhares de ilhas, reivindicam autonomia e, por vezes, um caminho de independência.

Decolonization, Nationalism and Separatism in South East Asia. The Cases of Indonesia and East Timor
What Portuguese-speakers currently know about relations between Indonesia and East Timor is almost entirely marked by the brutal invasion and annexation of the territory of Timor by its gigantic neighbour. On the level of law and international politics, East Timor has become a question to be resolved within the paradigm of a political, social and cultural conflict for the recognition of the right to self-determination of a territorial space which was colonised by Portugal for more than four centuries and went through a decolonisation process in 1974-1975.
We can therefore say that knowledge of Indonesia and East Timor bears the marks of bad reasons and dramatic lessons. Whereas international law has been able to clarify and justify the combat of the Timorese for their national rights, the contribution of the social sciences has been, in contrast, rather scarce. Research into Indonesia itself and the reasons which have turned this ex-Dutch colony into a coloniser of islands has been even scarcer. It is only through a long history and a specific anthropology that we will be able to discern, for both Indonesia and East Timor, the elements which make up the formation of national territories.

If we are to carry out research into the characteristics of the conflict in East Timor, we must have knowledge of both Indonesia, with its heterogeneous character and original national construction, and the movements and populations which, inside these thousands of islands, lay claim to autonomy and, in some cases, independence.