Maria da Conceição
NETO, p. 611-617
Méfiez-vous, on vous raconte des histoires ! De
lhistoire angolaise en " prêt-à-porter " ?
Dans lanalyse sociale, la rapidité des changements en Afrique rend difficile,
la mise au point de nouveaux modèles explicatifs. Mais dans les centres de décision
politique et économico-financière, la préférence va, à peu dexceptions près,
aux explications faciles à fournir, en une espèce de
" prêt-à-porter " qui, carré en certains cas, ou bien large dans
dautres, conviendrait aux diverses réalités africaines. Sans reculer devant
lironie, lauteur critique surtout, se fondant sur les données historiques et
sociologiques, une interprétation qui voit dans lactuelle guerre angolaise la
traduction dun " séculaire " conflit entre le
" littoral " et l" hinterland ",
transférant à tout lAngola (daujourdhui comme dhier) la seule
histoire de lespace colonisé depuis les xvi et xviie siècles
(essentiellement le couloir Luanda-Pungo Andongo) et de ses relations avec les peuples
voisins.
Or, si la colonisation de la " bande littorale " de lAngola,
avant la Conférence de Berlin, est une fiction, lest tout autant la prédominance
dun clivage " littoral-hinterland " dans la phase de
colonisation effective de tout le territoire (xxe siècle), ne serait-ce que
parce que les grands facteurs de changement social (christianisme, scolarité,
urbanisation, industrialisation
) suivirent la géographie de limplantation
missionnaire, des chemins de fer et des routes, des bourgs et des villes les
déséquilibres en résultant ne sexprimant en aucune manière selon un axe nord-sud
ou littoral-hinterland.
Desconfiemos destas histórias que nos contam ! A história
angolana em " pronto-a-vestir " ?
A velocidade das mudanças em África dificulta aos analistas sociais o aperfeiçoamento
de novos modelos de explicação. Por outro lado, nos centros de decisão politicos e
economico-financeiros, a preferência vai, com poucas excepções, para explicações
fáceis de equacionar, uma espécie de " pronto-a-vestir " que
serviria, mais apertado nuns casos, mais folgado noutros, às varias realidades africanas.
Com ironia, a autora critica sobretudo, com base em dados históricos e sociológicos, uma
interpretação que vê na actual guerra em Angola a tradução dum
" secular " conflito entre " o litoral " e o
" interior ", transferindo para o conjunto de Angola a historia do
espaço colonizado desde os secs. xvi e xvii (essencialmente o corredor Luanda-Pungo
Andongo) e das suas relações com os povos vizinhos.
Se a colonização da " faixa litoral " de Angola antes da
Conferência de Berlim é uma ficção, igualmente inexistente é a predominância duma
clivagem " litoral-interior " na fase de colonização efectiva de
todo o territorio (século xx), já que os grandes factores de mudança social
(cristianismo, escolaridade, urbanização, industrialização
) seguiram a geografia
da implantação missionaria, dos caminhos-de-ferro e das estradas, das vilas e das
cidades os desequilibrios resultantes, não se podem exprimir em Norte-Sul ou
litoral-interior.
Dont Believe Everything you Hear ! On the
" Ready-to-Wear " Approach to Angolan History
In social analysis, the speed of change in Africa makes it difficult to develop new
explicatory models. But in the political, economic and financial decision centres, there
is almost always a preference for easy explanations and a sort of
" ready-to-wear " approach which, clear-cut in some cases, rather
vague in others, is thought to suit the varying realities of Africa. Without shunning
irony, the author is, on the basis of historical and sociological data, particularly
critical of the interpretation of the present Angolan war as the translation of a
" secular " conflict between the " coast " and the
" hinterland ", transferring the sole history of the colonised space
since the 16th and 17th centuries (essentially the " Luanda-Pungo
Andongo " corridor) and its relations with the neighbouring peoples to the whole
of Angola.
However, if the colonisation of the " coastal strip " of Angola before
the Berlin Conference is a myth, then so is the predominance of any
" coast-hinterland " split in the phase of effective colonisation of
the whole territory (xxth century), if only because the major factors of social
change (Christianity, education, urbanisation, industrialisation) followed the geography
of missionary expansion, railways and roads, towns and cities the imbalances which
resulted from this are in no way expressed along a north-south or coast-hinterland divide.