Kathleen SHELDON, p. 121-140
Machambas dans la ville : femmes urbaines et travail agricole
au Mozambique
Les femmes des villes de lAfrique australe et orientale consacrent fréquemment leur
temps et leur énergie à la culture dun jardin urbain. Il sagit dune
observation faite très souvent mais qui a été très peu analysée ; cest un
travail qui fournit un appoint important dans lalimentation de la famille et parfois
même en tant que revenus, mais il nen a pas moins été négligé dans les études
des activités informelles urbaines, du ravitaillement alimentaire des villes, du travail
domestique et du développement. Cet article aborde lactivité agricole passée et
présente assumée par les femmes au Mozambique et montre que la prise en considération
de ce champ du travail féminin contribue à une meilleure compréhension de
lurbanisation.
Lhistoire du travail agricole féminin pendant lépoque coloniale montre que
cest seulement à propos des périodes de crise quil a été étudié. Mais il
nen reste pas moins très intéressant de constater que la majorité des femmes
travaillant à plein temps dans les ateliers de confection ou de décorticage du cajou
consacrent aussi du temps et de lénergie à un jardin urbain. Cette activité
na donc pas seulement concerné des femmes en période de chômage ou qui avaient du
temps pour jardiner afin de nourrir leur famille. Ladaptation du travail aux champs
sur la scène urbaine, même en contexte de salariat féminin permanent, est une marque
éloquente de limpact persistant de la vie rurale sur la vie citadine africaine.
Machambas na cidade : Mulheres urbanas e o trabalho
agrícola em Moçambique
As mulheres das cidades da África austral e de leste consagram frequentemente o seu tempo
e energia ao cultivo de uma horta urbana. Trata-se de uma observação que é feita muito
frequentemente mas que tem sido muito pouco analisada ; é um trabalho que dá um
contributo importante para a alimentação da família e às vezes mesmo para os seus
rendimentos, mas é algo que tem sido negligenciado nos estudos de actividades citadinas
informais, de provisões de comida para as zonas urbanas, do trabalho caseiro e do
desenvolvimento. Este artigo debruça-se sobre o trabalho agrícola passado e presente
feito pelas mulheres em Moçambique, e mostra que a tomada em consideração desta área
do trabalho feminino contribui para uma melhor compreensão do processo de urbanização.
Este artigo procura documentar a história do trabalho agrícola das mulheres durante a
era colonial,
e chega-se a várias conclusões, entre as quais a de que só em épocas de crise
económica é que ele é abordado. Outro aspecto interessante foi a descoberta que a
maioria das mulheres que trabalhavam a tempo inteiro nas fábricas de vestuário ou de
caju também investiam tempo e energia na agricultura familiar urbana. Esta ocupação
não foi só um trabalho de mulheres que estariam desempregadas, ou, que tinham tempo a
consagrar ao cultivo de uma horta que pudesse servir para alimentar as suas famílias. A
adaptação da lavoura rural das mulheres no cenário urbano, mesmo num contexto de
mulheres que são remuneradas por um trabalho que exercem a tempo inteiro, é um
testemunho eloquente do impacto rural na vida citadina africana.
Machambas in the City : Urban Women, and Agricultural Work
in Mozambique
Women in southern and eastern African cities commonly devote time and energy to
cultivating an urban garden. This is an often observed but little analyzed activity ;
it makes an important contribution to family nutrition and sometines income, but has been
neglected in studies of urban informal activities, food supplies to urban areas, household
labor, and development. This paper investigates the past and present agricultural work
done by urban women in Mozambique, and shows that the inclusion of this area of female
endeavor improves our understanding of the process of urbanization.
This paper documents the history of womens urban agricultural work during the solonial
era, findings that alter ideas that this work is only related to preiods of economic
crisis. Another intriguing aspect was the discovery that the majority of women who worked
full time in the garment or cashew factories also invested time and energy in urban family
agriculture. This work was not only the province of women who were etherwise unemployed
and had the time to devote to growing food for their families. The adaptation of womens
rural labor to the urban setting, even for women with full-time waged jobs, speaks
eloquently of the rural impact on African city life.