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David BIRMINGHAM, p. 227-230

« Recordações de Jornadas Portuenses » [Souvenirs des Journées de Porto]
Quelle est la spécificité de la culture nationale portugaise et de son héritage ? La réponse n’est sans doute pas à chercher dans les guerres civiles qui, au Moyen-âge, mirent aux prises les musulmans portugais aux chrétiens portugais, ni dans l’ère de la navigation trans-océanique, mais bien plutôt dans les premières guerres modernes qui ont amené la formation des Etats modernes à travers toute l’étendue de l’Europe de l’Ouest.
À propos des conséquences à long terme du coup d’État du 25 avril 1974, les idées reçues et acceptées sont que le Portugal a seulement été opprimé par la longue nuit de la dictature et qu’il fut entièrement libéré par sa jeune génération de capitaines idéalistes. La question est pourtant : à quel point ce changement était-il radical et de quelle durée furent ses effets ? L’histoire du Portugal de l’après-guerre était-elle marquée par la continuité, ou des changements fondamentaux de type structurel et institutionnel sont-ils intervenus avec la chute de Caetano ? Les femmes ont-elles gagné un nouveau statut social après 1974 ? Les capitaines de l’armée ont-ils réellement remplacé les capitaines de l’industrie qui avaient décidé de faire entrer le Portugal dans l’Europe bien avant 1974 et de devenir les maîtres d’un nouveau pays ? L’économie du Portugal aurait-elle fructifié plus vite, si le pays n’avait pas traversé cette période de défilés et de graffiti ? Autant de questions que tout historien de l’indépendance et de la longue durée se doit d’étudier.

Recordações de Jornadas Portuenses
Qual a especificidade da cultura e da herança nacionais portuguesas ? A resposta não poderá ser encontrada nas guerras civis que lançaram os muçulmanos portugueses contra os cristãos portugueses na Idade Média, nem tão pouco na época das navegações transoceânicas, mas sim nas primeiras guerras modernas que deram origem à formação de estados modernos em todo o território da Europa Ocidental.
Sobre as consequências a longo prazo do golpe de estado de 25 de Abril de 1974, as ideias recebidas e aceites são que Portugal estava a ser oprimido de forma única pela sua longa noite de ditadura e foi libertado de forma única pela sua jovem geração de capitães idealistas do exército. A questão é: até que ponto é que a mudança foi radical, que duração tiveram os seus efeitos, a continuidade foi a marca da história portuguesa do pós-guerra, ou com a queda de Caetano ocorreram mudanças estruturais e institucionais fundamentais? As mulheres ganharam um novo estatuto social a seguir a 1974 ? Os capitães do exército substituíram realmente os capitães da indústria que decidiram, muito antes de 1974, levar Portugal para a Europa como os mestres do novo Portugal ? A economia de Portugal teria desabrochado mais rapidamente se não tivesse de atravessar a turbulenta era das marchas e dos graffiti ? São tantos aspectos que qualquer historiador de independência e da longue durée precisa de estudar.

« Recordações de Jornadas Portuenses » [Remembering Porto’s Meeting]
What is the specificity of Portuguese national culture and heritage ? The answer must surely be found not in the civil wars which pitted Portuguese Muslims against Portuguese Christians in the Middle Ages, nor in the era of trans-oceanic navigation, but in the early modern wars which brought about the formation of modern states across the length and breadth of western Europe.
About the long-term consequences of the coup-d'état of 25 April 1974, the received and accepted ideas are that Portugal was uniquely oppressed by its long night of dictatorship and uniquely liberated by its idealistic young generation of army captains. The question is : how radical was the change, how lasting were the effects, was continuity the hallmark of post-war Portuguese history or did fundamental structural and institutional change occur with the fall of Caetano ? Did women gain a new social statute after 1974 ? Did the captains of the army really replace the captains of industry, who had decided long before 1974 to take Portugal into Europe as the masters of the new Portugal ? Would the economy of Portugal have blossomed faster if it had not gone through the turbulent era of marches and graffiti ? So many questions any historian of independence and of the longue durée needs to study.