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Rui LOUREIRO, p. 143-155

À propos de la formation de la présence coloniale portugaise à Timor
L’île de Timor, productrice du précieux bois blanc de santal, fut visitée pour la première fois par les Portugais en 1514-1516. Elle fut dès lors intégrée dans le vaste réseau des intérêts politico-économiques qui s’étendaient alors progressivement à toute l’Asie. Mais aucun établissement portugais permanent ne se développa dans l’île, qui était régulièrement visitée à partir de bases situées à Solor ou à Flores. À la fin du XVIe siècle, les Hollandais commencèrent à prendre des positions en Insulinde, disputant, du point de vue européen, tant le monopole portugais sur la navigation par la route du Cap, que l’hégémonie portugaise dans le trafic des produits exotiques d’origine asiatique. Finalement, en 1641, ils firent la conquête de Maclacca, la grande base lusitanienne dans le Sud-Est asiatique.
C’est seulement à partir de ce moment, face à la très forte concurrence étrangère, que les Portugais commencent à investir Timor, où ils construisent la première forteresse en 1545, finissant, après 1668, par occuper des positions dans la région de Dili, face à l’hégémonie hollandaise sur la moitié occidentale de l’île. L’occupation portugaise de Timor, cependant, resta de caractère côtier jusqu’à la fin du XIXe siècle, se limitant à quelques entrepôts utilisés pour le trafic du santal.
L’énorme fond documentaire actuellement disponible ne confirme en aucun cas la thèse des « cinq siècles d’occupation territoriale », qui fut, durant longtemps, véhiculée par la propagande coloniale portugaise.

Discutindo a formação da presença colonial portuguesa em Timor
A ilha de Timor, produtora do precioso sândalo branco, foi pela primeira vez visitada pelos portugueses em 1514-1516, sendo desde logo integrada na vasta rede de interesses político-económicos que então estavam a estender por toda a Ásia. Mas nenhum estabelecimento português permanente se desenvolveu na ilha, que era regularmente visitada a partir de bases situadas em Solor ou nas Flores. Em finais do século XVI, os holandeses começam a tomar posições na Insulíndia, disputando, do ponto de vista europeu, quer o monopólio português de navegação na rota do Cabo, quer a hegemonia portuguesa no tráfico de produtos exóticos de origem asiática. Eventualmente, em 1641 conquistariam Malaca, a grande base lusitana no Sudeste Asiático.
Só partir de então, perante a fortíssima concorrência estrangeira, os portugueses começam a investir em Timor, onde constroem a primeira fortaleza em 1645, acabando por ocupar posições na região de Díli depois de 1668, perante a hegemonia holandesa da metade ocidental da ilha. A ocupação portuguesa de Timor, contudo, foi sempre de carácter litoral até finais do século XIX, limitando-se a alguns entrepostos utilizados no tráfico do sândalo.
A enorme massa documental actualmente disponível não confirma de forma alguma a tese dos « cinco séculos de ocupação territorial », durante muito tempo veiculado pela propaganda colonial portuguesa.

About the Formation of Portuguese Colonial Presence in Timor
The island of Timor, producer of precious white sandalwood, was visited by the Portuguese for the first time between 1514 and 1516. It was integrated into their vast network of politico-economic interests which gradually spread across the whole of Asia. But no permanent Portuguese establishment developed on the island, which was regularly visited via bases in Solor or Flores. At the end of the 16th century, the Dutch started to take position in Insulinde, thereby disputing, from a European point of view, both the Portuguese monopoly on navigation via the Cape route and the Portuguese dominance in the traffic of exotic Asian products. Finally, in 1641 they conquered Maclacca, the big Portuguese base in South-East Asia.
It was not until this moment, faced with very strong foreign competition, that the Portuguese began to occupy Timor, where they built the first fortress in 1545, finally occupying positions in the Dili region after 1668 when faced with Dutch dominance on the western part of the island. Portuguese occupation of Timor nevertheless remained coastal until the end of the 19th century, limited to a few warehouses used for the sandalwood trade.
The enormous amount of documentary material currently available in no way confirms the thesis of the « five centuries of territorial occupation » which was long used in Portuguese colonial propaganda.