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Alain Pascal KALY, p. 105-121
LÊtre noir africain au «
Paradis terrestre » brésilien : un sociologue sénégalais au Brésil
Ayant souffert de manière constante de la discrimination raciale au Brésil,
lauteur un sociologue sénégalais en poste dans le pays a commencé
à discuter avec dautres collègues africain(e)s de leurs propres expériences dans
ce pays. Il sest tout de suite aperçu quelles ressemblaient aux siennes. Il a
donc commencé à enregistrer celles qui lui paraissaient les plus importantes. Cela
intriguait, dans la mesure où les autorités et limage généralement admise
du Brésil soutiennent que : 1) la discrimination au Brésil est plutôt
dordre social que racial ; 2) les relations sociales au Brésil sont harmonieuses.
Cest à partir de récits contredisant ces idées reçues quest écrit cet
article. On y montre que la discrimination au Brésil est liée, dabord, à la
couleur de la peau et seulement ensuite, à la situation sociale.
Plus dun siècle après labolition de lesclavage, la position du Noir
dans la hiérarchie sociale na pas beaucoup changé. Il continue à vivre
marginalement, dans les banlieues ou à lécart. Cette position peu commode du Noir
brésilien, parallèlement à linsertion de lAfrique sur la scène
internationale, font que létudiant noir-africain venant au Brésil est aussi
discriminé que le Noir Brésilien. Létude de la vie quotidienne des étudiant(e)s
africain(e)s au Brésil pourrait ainsi apporter une contribution à la connaissance de
relations « raciales » au pays du « métissage »
O Ser Preto africano no « Paraíso terrestre » brasileiro : um sociologo
senegalês no Brasil
Depois de passar a ser, constantemente, vítima de discriminação racial no Brasil, o
autor um sociólogo senegalês trabalhando neste país comeceu a discutir
com outros colegas africanos/as suas próprias experiências no país. Logo, percebeu que
estas se assemelhavam às suas. Comeceu, então, a gravar os relatos mais interessantes.
Intrigava porque, de um modo geral, nas élites governantes e na imagem geralmente
admitida do país se sustenta que : 1) a discriminação no Brasil é mais social
do que racial ; 2) as relações raciais no país são harmônicas. É por isso que este
artigo se propõe, a partir das narrativas, mostrar que contrariamente a estas
afirmações, a discriminação no Brasil é primeiramente ligada à tonalidade do cor da
pele e, depois, à situação social.
Passado mais de um século da abolição da escravidão, parece que a posição do preto
na hierarquia social não mudou muito. Ele continua vivendo perifericamente, à margem da
sociedade ou em sobressalto. Esta posição incômoda na qual se encontra o preto
brasileiro na hierarquia social, paralelamente à posição do continente africano no
cenário internacional, faz com que o estudante preto africano seja tão discriminado
quanto o preto nativo. Por causa disso, o estudo da vida quotidiana dos/as estudantes
africanos/as poderia vir a ser de grande contribuição ao estudo das relações «
raciais » no dito país da mestiçagem
The Black African in the « Paradise on Earth » of Brazil : a Senegalese
sociologist in Brazil
Having constantly suffered from racial discrimination in Brazil, the author a
Senegalese sociologist stationed in this country started talking with other African
colleagues about their own experiences in the country. He immediately realised that they
were similar to his own. He therefore set about recording those that appeared to him to be
the most significant. This was intriguing in that the authorities in line with the
generally accepted image of Brazil insist that : 1) discrimination in Brazil is of
a social rather than a racial nature and 2) social relations in Brazil are harmonious. It
is on the basis of accounts that contradict this idea that this article has been written.
It shows that discrimination in Brazil is linked, first and foremost, with skin colour,
and only afterwards with social position.
More than one century after the abolition of slavery, the position of Blacks in the social
hierarchy has not changed much. They continue to live on the margins, in the suburbs or in
isolation. This awkward position of the Black Brazilian, in parallel with the integration
of Africa onto the international stage, means that Black-African students who come to
Brazil suffer from discrimination as much as Black Brazilians. Study of the daily life of
African students in Brazil could thus contribute to an understanding of « race »
relations in the land of « mixing ». |