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Florence RAES, p. 63-90

Le Movimento dos trabalhadores rurais sem terra au Brésil : entre luttes paysannes et « nouveau mouvement social »
Depuis deux décennies, la question agraire au Brésil connaît un regain d'intérêt suscité par l'apparition d'un nouvel acteur social, le Mouvement des Travailleurs Ruraux Sans Terre, le MST. La réforme agraire n'est pas un débat nouveau et les luttes en milieu rural font partie de l'histoire brésilienne depuis l'Indépendance. Pour certains observateurs, le Mouvement des Sans Terre ne se distingue pas fondamentalement des luttes antérieures, pour d'autres, il s'agit du mouvement le mieux organisé que connaisse le Brésil, d'autres encore parlent de « nouveau mouvement social ». En réalité, ce débat est rarement neutre. Pour tenter de mieux comprendre la nature du mouvement, ainsi que son action, cet article examine le rapport, et l’éventuelle filiation, du MST avec les luttes paysannes antérieures, leurs enjeux, leurs formes d'action et leurs revendications. Cet examen est d’autant plus nécessaire que le mouvement lui-même revendique une tradition séculaire de luttes populaires en milieu rural.

O Movimento dos trabalhadores rurais sem terra no Brasil : entre lutas camponesas e « novo movimento social »
Desde o fim dos anos 1970, a questão agrária no Brasil conhece um interesse renovado com a criação de um novo ator social : o movimento dos trabalhadores rurais sem terra, o MST. A reforma agrária não é um debate novo e os conflitos sociais no campo fazem parte da história nacional desde a Independência. Para certos observadores, o MST não é muito diferente das lutas anteriores ; para outros, é o movimento mais organizado e ativo do país ; para outros ainda é um « novo movimento social ». Esse debate raramente é neutro. Para entender melhor a natureza do movimento, e suas ações, esse artigo analisa a relação, e a eventual filiação, do MST com as lutas camponesas anteriores, suas formas de atuação, suas reivindicações. Esta avaliação se torna necessária, já que o movimento reivindica uma tradição secular de lutas populares no campo.

The Movimento dos trabalhadores rurais sem terra in Brazil : Between Peasant Struggles and « New Social Movement »
Since the end of 1970’s, the agrarian question has aroused renewed interest in Brazil. Agrarian reform is not a new debate and rural conflicts have crosscut Brazilian history since Independence. For some observers, the MST is not fundamentally different from these previous struggles, for others, it is the best organised movement ever in Brazil, while some even talk about a « new social movement ». This debate is rarely neutral. In order to understand the nature and the actions of the movement, this article analyses peasant struggles in Brazil, their issues, their forms of action and their demands in an historical perspective. Placing each form of action in its economic, social and political context, the author analyses the messianic movements of the XIXth century, social banditism, strikes of rural workers, posseiros', sharecroppers' and tenant farmers' struggles, the peasant leagues of the 1950's and the landless peasant movement. The MST appears here as an autonomous social movement which, through land occupation, exerts pressure on the government but also provides socio-professional (re)integration for its members.