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Andréa
DORÉ, p. 223-230
Les Macanais au
Brésil : le siège se poursuit
Quelle
alternative de survie culturelle représente, pour les Macanais du Brésil et leurs
descendants, la création de Maisons de Macao dans les villes de Rio de Janeiro et de São
Paulo ? Dans un premier temps, nous avons tenté de visualiser la présence
portugaise à Macao comme une composante et en même temps une illustration de
l'expérience portugaise en Asie dans son ensemble. Macao sera une citadelle, ultime
refuge d'un siège commencé voici 500 ans.
La relation du Brésil avec Macao est ensuite présentée dans une perspective historique.
Au début du xixe siècle, l'entrée de Chinois de Macao
au Brésil est devenue systématique, pour développer la culture du thé dans le pays.
L'objectif était d'approvisionner le marché européen, en particulier le marché
anglais, et il suffisait, pour ce faire, d'importer des plants de thé et de faire venir
de la main d'uvre de Macao, laquelle s'est établie aux points d'entrée de la
capitale Rio de Janeiro. Mais l'initiative a échoué et dès 1825 de nombreux colons
étaient devenus vendeurs ambulants, cuisiniers ou petits commerçants.
Par ailleurs, on constate aussi actuellement la présence de natifs de Macao au Brésil.
La révolution chinoise des années 1940 a été le principal moteur de la diaspora. Par
la suite, la guerre coloniale en Afrique, dans les années 1960 et 1970, et la révolution
culturelle, ont de nouveau entraîné un départ des habitants de Macao. Au cours des
années qui ont suivi, du fait de la situation intérieure (stagnation économique et
chômage) l'émigration s'est poursuivie. Aujourd'hui, cerné par la culture brésilienne,
ce peuple tente de thésauriser des éléments de son identité, ce qui pourrait
représenter, après le passage du territoire sous souveraineté chinoise, la seule
manière de survie de cette culture mixte, originaire de la rencontre du Portugal avec la
Chine.
Os macaenses no
Brasil : o cerco se mantém
Qual
alternativa de sobreviviência cultural representou para os macaenses do Brazil e seus
descendentes a criação de Casas de Macau, nas cidades do Rio de Janeiro e em São
Paulo ? Numa primeira parte se procura visualizar a presença portuguesa em Macau
como uma componente e ao mesmo tempo uma ilustração da experiência portuguesa na Ásia
como um todo. Macau seria a cidadela, último refúgio de um cerco iniciado há 500 anos.
Em seguida apresenta-se, sob uma perspectiva histórica, a relação do Brasil com Macau.
Tentou-se, no início do século xix,
sistematizar a entrada de chineses de Macau no Brasil como forma de desenvolver a cultura
do chá no país. O objetivo era abastecer o mercado europeu, especialmente o inglês, e
para isso fez-se vir de Macau, homens e mudas de chá, que foram estabelecidos em pontos
da então capital Rio de Janeiro. A iniciativa foi frustrada e já em 1825 muitos colonos
haviam se tornado vendedores ambulantes, cozinheiros ou pequenos comerciantes.
E
finalmente verifica-se a atual presença macaense no país. A
revolução chinesa nos anos 1940 foi o primeiro grande motor da diáspora. Depois a
guerra colonial na África, nos anos 1960 e 1970, e a revolução cultural voltaram a
forçar a saída de macaenses. Nos anos seguintes, a situação interna
estagnação econômica e falta de emprego a emigração não
cessou. Hoje, cercados pela cultura brasileira, eles tentam armazenar elementos de sua
identidade, o que poderá ser, após a passagem do territória para a China, a única
forma de sobrevivência dessa cultura mista originária do encontro de portugueses e
chineses.
The
Macanese of Brazil : the Siege Goes On
What alternative for cultural survival
does the creation of « Casas de Macau » in the cities of Rio de Janeiro and
Sao Paolo represent for the Macanese of Brazil and their descendants ? To begin, we
have sought to visualise the Portuguese presence as a component and, at the same time, as
an illustration of the Portuguese experience in Asia as a whole. Macao will be a
citadel, the last refuge in a siege started 500 years ago.
The
relation between Brazil and Macao is then presented from a historical perspective. At the
beginning of the 19th century, the arrival of Chinese from Macao in Brazil
became systematic with the aim of developing tea-growing in the country. The objective was
to supply the European and, in particular, the English market and, to do so, it sufficed
to import tea plants and to bring in labour from Macao, workers who established themselves
at the entrances to the capital, Rio de Janeiro. The initiative failed, however, and many
immigrants became itinerant salesmen, cooks or shopkeepers.
To
conclude, we can note the presence of Macanese in Brazil today. The Chinese Revolution of
the 1940s was the main driving force behind the diaspora. Afterwards, colonial war
in Africa in the 1960s and 70s and the Cultural Revolution once again led to
the departure of inhabitants from Macao. In the course of the following years, due to the
domestic situation (economic stagnation and unemployment) emigration continued. Today,
hemmed in on all sides by Brazilian culture, this people is seeking to hoard up the
elements of its identity, which, after the return of the territory to China, could
represent the only possibility for the survival of this mixed culture which originated in
the encounter between Portugal and China. |